Vivemos em um mundo material

Vivemos em um mundo material, onde nenhuma beleza proveniente das profundezas do ser é avaliada como proveitosa, rica e grandiosa. Então, aos poucos, abandonamos nossa beleza interior, pois ela não fará com que sejamos reconhecidos e apreciados por todos aqueles que já aderiram ao conceito da beleza material; pois nosso desejo mais intenso é sermos reconhecidos, considerados, apreciados, amados... Embora esse desejo seja bom em si, não é benévola a razão que o motivou: porque abandonamos a única beleza que nos pertencia (pois estava intimamente ligada ao nosso ser) para unirmos nossa alma a um tipo de beleza que pode ser adquirida. Nesse instante, uma mudança drástica ocorre em nossas vidas, pois a beleza não é mais uma questão de ser, mas apenas ter. E, em muitos momentos, utilizamos meios nada justos e benéficos para possuir aquela beleza material. 

Trabalho de amor e êxito

Eu vi duas almas que vagavam desesperadas

Buscando na escuridão a alegria desconhecida,

O amor uniu no caminho as suas pegadas

E lhes devolveu a esperança perdida.

O amor lhes ensinou o diálogo da alma

E devolveu seus pés ao caminho do coração;

Doou-lhes um sorriso largo e uma vida calma,

Conduziu-lhes com sua meiga e poderosa mão.

O amor lhes ensinou esperança, coragem e fé

Sempre instruindo com divina paciência.

Elevou suas vidas e lhes colocou de pé.

Reprimiu-lhes os erros, mas com suaviloquência;

Vestiu-lhes com cetim, armadura e déshabillé.

Perfumou seus corpos e supriu sua comum carência.   

O amor alimenta a alma e aquece o coração

          Costumamos praticar boas ações pensando que, agindo assim, estamos tornando melhor a vida de alguém. Mal sabemos que a maior transformação que os bons atos promovem acontece em nossas próprias vidas. O maior bem que a caridade pode fazer não é alimentar um estômago vazio ou vestir um corpo castigado pelo frio; o melhor acontece no plano imaterial, pois o amor alimenta a alma e aquece o coração.

Prece para o caminho

Senhor, coloca em meu caminho as pessoas que eu terei capacidade de amar. Mas, se assim não for possível, e a Sua vontade e desejo prevalecerem sobre as minhas expectativas, coloca em meu coração um amor tão puro que seja capaz de estender sua luz e bondade mesmo aos que me desejam mal.

Senhor, coloca em meu caminho as pessoas capazes de modificar a minha vida. Mas, se preciso for, usa-me e leva-me também até as pessoas que necessitam de uma transformação em suas vidas – e que eu seja capaz de auxiliá-las nesse processo. Porque tudo é apenas uma coisa: o bem que fazemos a alguém é uma gota de luz que derramamos em nossas almas; o amor que doamos e transforma a vida das pessoas, antes, modifica de forma fantástica o coração onde brota.

Leves percepções

Há vezes em que percebemos que, 

embora sejamos cheios de defeitos, 

algumas de nossas falhas divertem pessoas 

que se tornam queridas para nós. 

Embora possamos ouvir palavras 

que nos deixem chateados em alguns momentos, 

sempre encontramos uma voz encorajadora

 e um coração amigo. 

Embora não percebamos a importância 

que temos na vida das pessoas, 

há quem pagaria um preço altíssimo 

apenas para estar ao nosso lado.

A felicidade em nossas vidas

A felicidade em nossas vidas pode ser medida através 

da quantidade de pessoas que também fazemos felizes. 

Que recompensa pode haver se o nosso sorriso for 

conquistado a custo de milhares de lágrimas? 

É muito mais feliz aquele que propaga a alegria, 

a paz e o amor ao seu redor; 

que se esforça por ajudar a resolver os problemas alheios; 

que tem muitas pessoas torcendo por sua vitória 

porque sabem que a sua alegria e 

energia positiva contagiarão tudo à sua volta. 

Onde Deus está

Na luz de um olhar, negro como a noite, azul como o mar, verde como as folhas e as esmeraldas, castanho como as amêndoas... Lá está Deus.

Nos cabelos macios ou crespos, longos ou curtos, claros ou escuros; nas curvas sensíveis das sobrancelhas; na delicadeza de lábios finos ou na intensidade de lábios carnudos; no rubor da face, no suor da testa; na sensibilidade de um pescoço, nos calos das mãos; no prazer e no trabalho... Lá está Deus.

Na segurança de um abraço, no beijo longo e apaixonado; no descanso do fim do dia, na surpresa da manhã; nos motivos desconhecidos, nos sonhos compartilhados, no olhar silencioso; na juventude e na velhice, na força e na felicidade; no desespero e na dor, na partida e no encontro; no plantio e na colheita, no som e na imagem; na tempestade e no raio de sol, nas flores e no inverno; na oração e na lágrima... Lá está Deus.

Na amizade e na sabedoria, no aprendizado e na sensibilidade; no carisma e na simpatia, na gentileza e no perdão; na superfície de um lago, nos desenhos em nuvens; nas mãos dadas, nos corações distantes; nos caminhos esquecidos, nas estradas percorridas; no abismo e no crepúsculo, no alto da montanha e no alvorecer; no passo da tartaruga e no voo da gaivota... Lá está Deus.

No coração que bate mais forte por causa do amor, no coração que bate mais fraco por causa da doença; na nascente que brota da terra como um frágil fio, nas gotas que sobem ao céu por causa do calor do sol; nos joelhos que se dobram em gratidão, nas mãos que se elevam ao céu em súplica; nas folhas que caem ao chão, na semente que irrompe da casca; no vento que passa, nas pessoas que chegam; na seiva e no perfume, no graveto seco para a fogueira... Lá está Deus.

Nas bochechas rechonchudas, nos cachinhos de cabelo, nos pezinhos enrugados, nos olhinhos pequenos, no sorrisinho grande, no olhar esperançoso, nas mãozinhas delicadas, na doçura imaculada, no sono despreocupado, na magia e alegria de viver das crianças... Lá está Deus.

Na manifestação da saudade e no poder da imaginação; no impossível e no milagre; na flor pendurada no cabelo, na flor abandonada no campo; no cuidado e na brincadeira; nas pegadas e na poeira; na grama e nas linhas do rosto; na lealdade e na cumplicidade, na meditação e no agradecimento; nos prédios e nas cavernas; no barulho dos carros e dos talheres; nos lençóis macios e perfumados, nos pés sujos e descalços... Lá está Deus.

No lado escuro da lua, na ponta oculta do iceberg, na luz da aurora boreal, no pequeno floco de neve, nas gemas e nas pedras, nas rochas e nas plantas, nos vulcões, cânions, lagos, rios, mares, montanhas, arquipélagos, espuma, areia, vendaval, arbustos, fiordes, recifes, serras, parques, planaltos, pastos verdejantes, desertos áridos, praias, mangues; no sal, no mel, no alecrim, na cânfora, na camomila, no manjericão, na canela, no cipreste, no sicômoro, na cerejeira, no cedro, no ipê... Lá está Deus.

Na casa, na oca, na mesquita, na catedral, no templo, na calçada, no beco, no gueto, na rodovia, na ponte; em Jerusalém, Bali, Nova York, Madrid, Durban, Xangai, Brisbane, Algarve, La paz, Machu Picchu, Glasgow, Helsinki, Vancouver, Salisbury, Saransk, Teerã; na pele marrom, negra, branca, vermelha, amarela... Lá está Deus.  

Nos corações sem lar, no corpo sem vestimenta, na boca faminta, nas mãos feridas, no sangue, no perdão, na necessidade, no espírito abatido, na angústia e no furor... Deus ainda está lá.

Na música dos violinos, violoncelos, flautas, harpas, alaúdes, cravos, clarinetas, pianos, oboés...
            Nos dentes dos tigres, ursos, leões, tubarões, zebras, girafas, camelos, castores, cães...
            Na pétala de flor, no grão de areia, na gota d’água, na estrela distante, na pequena semente...
            No voo da borboleta e do gavião, no mergulho do golfinho e do pelicano, na queda da chuva e das cachoeiras...
            Na compaixão, na sinceridade, na ética, na perseverança, na compreensão, na tolerância...
            No melhor amigo, na família, na tranquilidade do sono, nos risos, nas boas lembranças, no amor, nos beijos...
            Lá está Deus.

Os poetas da Vida

          Na vida, há poetas que escrevem seus sentimentos com enigmas e há poetas que fazem da própria vida um lindo poema. Há poetas que se trancam em seus quartos empoeirados com penas e folhas nas mãos e há poetas que escrevem seus passos e cantam seus cânticos nos bosques encantados e nos campos de guerra do universo. Há poetas que precisam mendigar um verso à sua própria tristeza, mas há poetas que celebram com alegria o amor que chega com o raiar do sol e não se despede dos corações até que a noite caia sobre pálpebras cansadas. Há poetas que não se lembram de seus sonhos quando despertam e há poetas que fazem seu sonho despertar um novo dia. Há poetas que indagam sobre o motivo da própria existência e há poetas que complementam a beleza de toda a obra que nasceu das mãos de Deus. Há poetas que existem em seus próprios pensamentos e há poetas que visitam a grandeza da vida in situ. Há poetas que preconizam que a vida é uma viagem perdida e há poetas que dizem que adormecer ouvindo o cair da chuva, sentar-se em silêncio para louvar o pôr do sol, sentir a segurança e o cuidado compreendidos num abraço afetuoso ou degustar o sabor do vento com a sensibilidade da pele bastam para fazer a vida valer a pena. Há poetas que nunca serão compreendidos e há poetas que só desejaram comungar com a beleza não percebida da criação. Alguns deles acham que o sentido da vida é caminhar incansavelmente até que, um dia, alcancem o destino de uma jornada, um oásis no fim de uma longa e árdua estrada, onde poderão apanhar os frutos de árvores que plantaram ou não e dessedentar-se com a água de poços que ajudaram ou não a cavarem; mas aqueles que realmente sabem compreender o propósito divino de viver, e não precisam de respostas  que só fazem suscitar novas dúvidas, se contentam em caminhar até que seus passos  se cansem desde que haja flores perfumando o caminho, pássaros e borboletas  adornando o céu e pessoas com quem possam dividir suas histórias e compartilhar seus alimentos, roupas e calor da alma.